sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Entro na sala do Controle de Infecção Hospitalar. Cadeiras vazias, mesas com papéis esvoaçantes. Em uma das mesas, uma pasta rosa com uma betty boop dançante, onde se lia "confidencial" em letras garrafais logo abaixo. Irônico até, já que estava aberta numa sala vazia e escancarada. Dentro dos três anexos desta sala nem ao menos uma viva alma. O ventilador trabalha a todo vapor, e pesos em forma de cachorros, sofás e outros igualmente inusitados, dão conta de segurar os papéis na mesa. No canto da sala, um radio relógio com sua luz verde pisca 4:51, embora no relógio analógico logo ao lado eu constate que faltam 7 minutos para o meio dia. Na rádio mal sintonizada toca Black. Eddie Vedder, aos gritos, me acompanha pela sala, enquanto procuro por alguém "I know someday you'll have a beautiful life, I know I'll be a star. In somebody else's sky. But whyyyyy, whyyyyy, why can it be mine?" Saio da sala assobiando. O ar quente e úmido me faz sentir náuseas. Olho para o céu nublado, vejo que há grandes possibilidades de chuva no decorrer do dia, como dizem as moças do tempo da tv. Quando ameaço sair um passarinho literalmente caga na minha pasta (por questões de segundo meu cabelo escapou). Volto pra sala do SCIH, em busca de algum papel pra limpar a "cagada" (pegou? pegou?). Três mulheres estão sentadas em frente a um computador, os papéis esvoaçantes sumiram, assim como a pasta "confidencial". No rádio toca "Alright" do Supergrass.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Atualizando...

Eu sou o tipo de pessoa que demora a digerir os filmes. Eu assisto, tenho aquela relação de ódio com eles, e com o tempo começo a pensar nos detalhes e começo a enxergar tudo de uma maneira diferente. Muitas vezes eu só gosto do filme depois de assistir pela terceira vez. Coisa de maluco. Então, antes que me chamem de vira-casaca, volúvel ou "hepócrêta", vou avisando que essa é minha a opinião recente. Elas podem mudar em 2 dias, 2 horas, ou logo após o post. Vai saber.

No country for old men (Onde os fracos não tem vez)

Primeiramente, a tradução acabou com o gancho do filme. O filme é um daqueles tipícos que a "Academia" adóura. Logo que saí do cinema odiei. Depois passei a gostar, depois odiei de novo, e agora gosto. Ou acho que gosto. Enfim. A história chega a ser patética de tão simples: Em plena década de 80, no Texas, um caçador texano (se você assistiu o filme, entendeu o porquê do pleonasmo), interpretado pelo Josh Brolin encontra a cena de uma recém-emboscada. A alguns metros dali um homem morto e uma valise mudam sua vida. Mesmo sabendo que não existe crime perfeito, o texano, como todo ser humano, fraqueja e rouba a tal valise, cheia da grana, sem saber que um assassino muito cruel, muito sem humor, muito sem piedade e muito sem noção (que é ninguém menos que o Javier Bardem) anda atrás do dinheiro também, e não por acaso, foi quem armou a emboscada. Aí blá-blá-blá. Rata-ratá-tá-tá. Depois de todo o desenrolar da história sobre a irmandade da máfia, sobre rabos presos, sobre profissão perigo, e sobre "o-mundo-do-crime", vem o Tommy Lee Jones, sentado, refletindo em tudo que viu, ouviu e não impediu, achando que talvez esteja velho demais pro que se propõe. Aí o gancho. No country for old men. Talvez "Onde os velhos não têm vez" faria mais sentido. Mas aí ia ter aquela história de preconceito, e blá blá blá. Brasil é um país pra lá de atrasado.

Ah! O Javier Bardem estava interpretando o Highlander. Certeza.

Cloverfield

Eu adoro o JJ Abrams.
A idéia do filme é boa. A sensação de impotência que a gente teria no caso de realmente a terra ser invadida do dia pra noite por um alienígena maior que a maioria dos arranha-céus de Nova York. Ainda que ver a grande maçã ser destruída pela 879ª vez já não tenha o mesmo efeito, ainda assim, é triste. Mas coordenar os sentimentos enquanto o seu cérebro tenta acompanhar a corrida, os tombos, o sangue, o monstro, tudo isso com o "youtube way of filming" é difícil. Aos 15 minutos eu já estava lembrando muito bem da pipoca e da fanta recém-ingerida. O filme é bom. Mas evite, se você (como eu) tem estômago fraco.

Eu sou a Lenda


Fui assistir a contragosto e me surpreendi. Eu adóuro os clipes do Francis Lawrence (menos Suerte, da Shakira, que é de um mau gosto fora do comum). Mas desde que ele saiu da fase videoclíptica para a cinematográfica, a decepção tem sido grande. Depois de Constantine, eu já não esperava muito mesmo. Aí o cara me vem com um filme sobre um vírus inicialmente criado para acabar com o câncer, e que torna-se a base da quase completa extinção humana. Só que, claro, o mocinho (Will Smith, no caso) descobre-se imune ao vírus. E, claro, ele é um cientista famosérrimo, que passa a dedicar a solitária vida à cura da doença ( o vírus torna os humanos uma espécie de zumbi). Embora não passe completamente sozinho a maior parte do filme (a cadela Sam se encarrega de fazer graça e servir de apoio para todas as piadas), é ele quem segura o filme, com todo o carisma do "Fresh Prince of Bel-air". Entretenimento puro. E bom pra ver NY destruída. De novo.


Próximo post...
Desejo e Reparação