sábado, 24 de maio de 2008

a geléia que é uma pérola

Estava aqui vasculhando meu computador, limpando o HD, aquela coisa. De repente, me deparo com a pastinha com as músicas do show do Pearl Jam que eu fui (sim, EU FUI!), em 02/12/2005. Fiz questão de colocar na ordem exata das músicas. O som da galera gritando (eu no meio)... ainda era dia, me lembro bem, e, das cadeiras manga (onde eu estava), dava pra ver muita gente entrando na pista ainda, muitos entravam correndo, ajoelhavam e levantavam as mãos aos céus, agradecendo a graça alcançada.
Eu lembro que na van, indo pro show a gente fez uma votação sobre qual música deveria ser a primeira do show, pq a primeira em curitiba tinha sido calma, e queríamos some rock, e eu gritando desesperada: "tem que ser go. tem que ser go. ia ser muito lindo se fosse go."
Depois da dor de barriga, da ansiedade, de perder o começo do show do Mudhoney (eu tava naquele banheiro químico, ótemo), eles entram com.... GO! Quase infartei, e passei o resto do show num misto de emoção, cantoria desenfreada (coitado de quem estava perto), vendo flashes da minha vida passando enquanto eu tentava, com um binóculo, debaixo de chuva, enxergar o palco. Foi lindo. Foi O MELHOR show até hoje. By far. E olha que eu já fui em muitos shows que julgava ser mais fã. Como Alanis (show com um puta valor sentimental. Conheci o homem da minha vida, e só por isso já merece o devido crédito), como Maiden (Três shows. Vi o pé do Bruce da última vez. Emocionante.), como Jamie Cullum (uma das coisas mais minhas ever), como muitos outros. Mas o show do Pearl Jam foi como se visse minha vida inteira num flash, e todos aqueles momentos me levavam à este. E foi neste instante que eu soube: valeu a pena.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

ah, tá.

Está acontecendo o Festival de Cinema de Cannes, todo mundo sabe disso. Ou, pelo menos, todo mundo que, de alguma maneira, lê jornal, acessa sites de notícia e vê o noticiário da tv. Dentro do festival, além da competição e das estréias, rola também o Masterclass, que é tipo uma aula com algum figurão do cinema. A aula deste ano ficou com ninguém mais, ninguém menos, do que Quentin Tarantino.
Quem me conhece pelo menos um pouquinho, sabe o quanto sou fã do cara.

Como não pude comparecer, li sobre nos pouquíssimos sites que relataram a aula.

No final da aula, ele explica, para quem um dia quer ser diretor:

Faca o curso que quiser, leia os livros que quiser, veja os filmes que quiser. Mas não conheço exercício melhor para se tornar um cineasta do que arrumar um equipamento e tentar fazer um filme por conta própria.
Nunca entendi para que serve um curso de direção ou roteiro. Se você quer ser cineasta, recomendo um bom curso de interpretação. Nos exercícios em grupo, fique responsável pela cena, comece a agir como um diretor. É pelo ponto de vista do ator que a gente constrói o nosso cinema.

Preciso explicar por que o cara é um gênio?

sábado, 3 de maio de 2008

cartas

Será que ando mesmo tão nostálgica?
Ontem me deu uma saudade de escrever cartas. Cartas físicas. Não emails banais. Papéis, canetas, envelopes, aquele com as tirinhas verde-amarelo, que nunca me deixavam usar, pois só foram concebidos para correspondências internacionais, ou aqueles brancos com as demarcações em laranja, com os quadradinhos para o cep, e que, esses sim, eram usadas para correspondências nacionais? Os blocos de papéis para carta? Aqueles que pareciam papel seda, que eram leves para baratear o preço? Nunca mais os encontrei e sinto muita falta. Isso me remete à segunda gaveta da cômoda da minha avó. Ela, que tinha um familiar em cada canto do Brasil, era dessas adeptas da correspondência, e escrevia como poucas. Aos 80 e tantos anos, tinha a letra linda. Assinava o nome completo, para inveja das muitas recepcionistas-para-mim-estar-te-chamando.
Ana Maria Guimarães Cavalcanti
, e ela sempre fazia uma pose ao assinar, caprichava. Enfim, eu adorava as cartas dela. Sempre iam com uma folha, uma pétala de rosa, um pedaço de lã bonita, ou um tecido com estampas delicadas. Os papéis ficavam sempre juntos de uma colônia que ela tinha comprado em uma viagem ao Maranhão, era uma colônia azul que eu fazia questão de passar quando minha mãe me deixava tomar banho lá. Tinha cheiro de conforto, de casa da vovó, de comer mamão até o intestino soltar, de dormir tarde, de ler ao lado da máquina de costura, de lãs no meio do caminho, de gatos no colo, de doce de banana com farinha. As cartas de vovó tinham o cheiro dela. Cheiro de inteligência e gargalhada gostosa.
Eu sempre liguei o hábito de escrever cartas às pessoas inteligentes. Pessoas burras estavam sempre ocupadas demais para transferir ao papel o que acontecia ao redor. E eu me sinto emburrecendo cada vez que pego uma caneta e vejo minha letra definhando. Cada vez que eu escrevo um rascunho no papel e aprimoro no computador. Cada vez que gasto 2 minutos escrevendo um email ao invés de gastar 1 hora escrevendo uma carta. Cada vez que, qdo preciso ler uma carta, tenho que esperar o computador ligar, o Windows iniciar e Outlook abrir.

Substantivo Feminino presente apenas na Língua Portuguesa:
Saudade - sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável.