Sigo todas as instruções que a "moça" da agência me passou pelo telefone, e dou de cara com uma porta fechada, e um silêncio no corredor. De leve dou três toques delicados na porta. Uma moça de uns 17 anos me atende. - Oi, eu tenho uma entrevista as 14hrs, mas acho que cheguei um pouco cedo. - digo, olhando para meu relógio de pulso (um swatch irony lindo, que ganhei do meu namorildo, baidêuei). 13:40. - Ah, tá. O seu nome qual é? - ela me olha com uma ironia que eu viria a entender depois - Thaís. - respondo, com meu sorriso simpático. - Thaís, você só vai me desculpar que tem bastante gente aqui na sala e não tem mais cadeira. Você vai ter que ficar em pé um pouquinho, tudo bem? - Nesse momento eu olho em volta da minúscula sala, abarrotada de gente, com QUATRO cadeiras devidamente ocupadas, além de umas 6 pessoas em pé. OK.
Sem vergonha nenhuma, pego meu MP3 player. The Long and Widing Road é a primeira da sequência. Um prenúncio, eu diria. Entra gente, sai gente da saleta, e um rapaz (provavelmente com dó da minha cara de tiazona com osteoporose) me cede o lugar. Cinco minutos depois eu o vi fugindo enquanto a moça da recepção atendia o telefone. Depois de 1:20h esperando, eu vejo os "entrevistadores" saírem da sala. Discretamente dei pause na música (que era justamente uma das minhas favoritas at the moment: Gwen Stefani, The Sweet Escape), e vi o cara que tinha jeito de chefe da boiada cochichar no ouvido da recepcionista, e lá se foram todos. Os caras acabaram de sair da saleta, ela vira pra nós (os pobres mortais que, obviamente, não tinham mais nada pra fazer) e solta essa (juro!): "Gente, eles saíram pra comer um lanchinho, porque ainda não almoçaram, eu vou pedir pra vocês estarem aguardando só mais uma horinha, tá óquei?"
Educação e consideração para/com o próximo são artigos vintage nos dias de hoje.

Um comentário:
Chorei...apesar de já conhecer a história, ri muito...
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